A REDE SOCIAL

Redes Sociais: perigos de um relacionamento online

por Eduardo de Souza

O Brasil é o país que lidera o acesso a redes sociais e blogs no mundo. Com cerca de 86% dos internautas passando em média 5h03min/mês nestes tipos de site segundo o instituto de pesquisa Nielsen. Em segundo lugar no ranking está a Itália (78%) e em terceiro, a Espanha (77%),seguidos de Japão (75%), Estados Unidos (74%), Inglaterra (74%), França (73%), Austrália (72%), Alemanha (63%) e Suíça (59%). A líder em acesso a redes sociais em horas é a Austrália com 7h19min/mês. Para entender o que significa estes números, 1 de cada 3 brasileiros se conectam a Internet, o que corresponde a quase 70 milhões de brasileiros, com média de 66h24min por mês.
As redes sociais se tornaram grande atrativo na Internet, cerca de 20% do tempo total. Redes Sociais, como diz o nome, são ferramentas na Internet, que ligam pessoas com assuntos em comum. Você se cadastra e cria um “profile”(perfil) onde insere informações básicas como nome, idade, etc. Mas conforme você explora essa ferramenta, passa a acrescentar outras informações, como status de relacionamento, preferência política, quais os seus interesses (música, livros, filmes, etc.) e, conforme o seu perfil fica mais completo, naturalmente o número de contatos aumenta. É muito comum que as pessoas digitem o que estão fazendo – “estou indo ao cinema” – ou lendo, ou simplesmente desabafam algo que as está incomodando – “odeio aquele professor”. Esse imediatismo faz com que muitos acabem escrevendo qualquer coisa, sem filtros ou controles sobre isso. Por esse motivo tem sido cada vez mais comum que empregadores, antes de tomar uma decisão, “fuçarem” o perfil de seus futuros empregados para saberem um pouco mais sobre o candidato.
Atualmente, com a evolução dos celulares, que recebem como SMS o que acontece nas redes, pode-se dizer que existem muitas pessoas conectadas 24 horas por dia. Tornou-se comum entre uma geração de usuários, expor suas vidas para aqueles que ali quiserem olhar, a ponto de mostrar sua localização via satélite – como é o caso do Foursquare.com , publicar fotos de viagens, baladas, começo e fim de namoros, por exemplo.
A febre no momento são os Vlogs, que nada mais são que blogs em vídeo, começando com o líder em publicações de vídeos na Internet: o Youtube.com. O Brasil é o segundo país no ranking de usuários ativos. Nos Vlogs os internautas gostam de deixar sua opinião, sobre assuntos diversos, os dois “vlogers” mais famosos são o P.C. Siqueira e o Felipe Neto, com vídeos que atingem recorde mundial de acesso com até 2,5 milhões de acessos.
As Redes mais utilizadas pelos brasileiros são o Orkut.com, Windows Live Profile, Facebook.com, Twitter.com, Formspring.me e LinkedIn.com. O Orkut, que começou a ser usado em 2004, tem aproximadamente 30 milhões de usuários brasileiros, o que significa quase toda a população da Argentina, e neste ano de 2010, até outubro, cresceu cerca de 24%. Já o Facebook, que é de 2006, e que este ano ganhou um filme “A Rede Social” contando sua história, conta com 8,8 milhões de brasileiros, mas, este ano, chegou a crescer 500% (em novembro do ano passado tinha 1,6 milhões de usuários). O Twitter, também de 2006, conta hoje com 8,6 milhões de usuários e, do ano passado para este, dobrou o número de usuários, e continua crescendo. O LinkedIn, ainda pouco usado no Brasil, mas com consideráveis 1,5 milhões, é um rede de currículos online, onde sua única função é de adquirir contatos no mercado de trabalho.
O Filme “A Rede Social” de David Fincher ("Seven", "Fight Club"), Conta a história de Mark Zuckerberg (Jesse Eisenberg) e o brasileiro Eduardo Saverin (Andrew Garfield), dois nerds desajustados socialmente, que criaram o Facebook, a  maior Rede Social do Mundo, enquanto faziam faculdade em Harvard. Com o slogan de que é impossível chegar a 500 milhões de amigos sem fazer inimigos, o filme se desenrola em meio a sexo, dinheiro, traição e genialidade.
O desagradável Mark Zuckerberg é tudo menos uma pessoa sociável. Com dificuldades de entrar em um dos clubes mais restritos dos EUA, resolveu criar um, mas sua atitude acaba afastando os dois únicos amigos que ele tem, e criar muitos inimigos. O filme, muito dinâmico e difícil de acompanhar, tenta mostrar a genialidade do protagonista, que tem uma linha de raciocínio que tenta o tempo todo confundir e irritar qualquer um.
O Facebook acaba sendo criado primeiro para alunos de Harvard, com a idéia de clube restrito, e foi sendo ampliado para outras universidades e escolas, depois o foco se tornou atrair cada vez mais pessoas, para um mundo onde não seria difícil se socializar, porque existem etiquetas que dizem o que você faz, quem é, e se está disponível para um vinculo social, ou outra coisa.
 É "o filme sobre uma geração", e faz da forma mais cínica e cruel que ele poderia encontrar: apresenta Mark, um garoto complexo com grandes problemas de se socializar por conta de um diálogo complexo e rápido, difícil de acompanhar, e o colocando como representante de uma geração cheia de inseguranças, com sérios problemas de se destacar, com medos claustrofóbicos de se socializar. Mas o Facebook não pode ser o remédio que cura todos os males. Imagino se o que realmente queremos e buscamos é a aceitação por parte da percepção ou interpretação de outras pessoas do nosso perfil virtual, do que escrevemos ou do que escrevem sobre nós, ou, ao invés, buscamos a aceitação por aquilo que realmente somos.
A Rede Social devia ser o que o nome diz: uma rede, um catálogo, e não algo que acaba se tornando a vida que muitas pessoas criam e de lá não saem. Uma realidade virtual, que espera as novidades em um clique de F5 que atualiza a “página”.