"Com Tua força e com nossas mãos"


 Manifesto que a Companhia das Obras do Chile publicou sobre 
o resgate dos mineiros da mina de San José. (15/10/2010)
  
Testemunhas “invisíveis” de uma presença, os parentes dos mineiros presos na Mina San José mudaram sua esperança, seu grito de dor e seu novo lar para o deserto!
O início de um inesperado diálogo entre a vida e a esperança inundaram, lentamente, aquele lugar: a construção de um acampamento, o diálogo com as autoridades e socorristas, a acolhida a todos os que chegavam para ajudar, vindos dos mais variados lugares... até o nome de uma menina que nasceu ali: Esperanza. O ceticismo batia em retirada.
E a montanha se rendeu ao trabalho árduo e incessante, ao trabalho dedicado à vida... e... devolveu, pouco a pouco, aqueles 33 homens que, por 69 dias, havia retido em suas entranhas.
Por um momento, vimos que o Chile tem um norte – que não é a riqueza de seus minerais, mas o valor da vida: todo um país em vigília, na expectativa de contemplar o rosto de homens anônimos e o abraço àqueles que os resgataram. Autoridades, profissionais e familiares dos trabalhadores unidos no abraço do resgate. O presidente da Bolívia, admirado, explicava, aos pés da mina, o motivo de sua presença: somente um acontecimento supera a ideologia, as diferenças entre os homens e os países.
Um dos mineiros abraça a sua esposa
Tão próximos e tão distantes – países vizinhos, empresários, trabalhadores e políticos –, todos chamados a colaborar, sem discriminação, com a esperança que questiona a vida, com a certeza de uma presença que se transforma na semente de um povo novo como o Acampamento Esperanza.
Toda emoção e banalização dos fatos – provavelmente inevitável – que não tangenciem o acontecimento podem deixar perder-se a promessa que nasceu no deserto de Copiapó.
Sentimo-nos chamados a continuar olhando para o ideal que permitiu esses fatos – para que sejamos resgatados todos os dias – e a continuar este diálogo, a fim de que atinja a cada homem e comunidade de nosso país: “estamos bem, os 33”, os 34... para que “ninguém falte à mesa”, como, nos últimos dias, a Igreja nos disse.